Angelina Jolie em entrevista para a edição italiana da revista Grazia

Conheço Angelina Jolie há quase 20 anos e ela ainda me surpreende. Ela é a atriz de que todo mundo quer saber tudo, e ela, depois de se separar de Brad Pitt, pode se dar ao luxo de dizer um "Sem comentário" pois é a verdadeira diva de Hollywood, então ela concorda em falar sobre como ela está agora que é mãe solteira e o que ela sente. Por um momento, me esqueço de seu último filme como diretora, First They Killed My Father, que é o motivo da nossa reunião.

Angelina está usando um caftan de cor creme da Bottega Veneta, que marca sua cintura fina e a faz parecer uma das muitas mulheres elegantes que frequentam o hotel Four Seasons aqui em Beverly Hills. Está muito diferente da menina de cabelos curtos e sorriso penetrante que conheci pela primeira vez em 1998 durante a apresentação do filme Gia, na qual ela interpretou a modelo portadora de Aids, Gia Carangi.

Hoje, Angelina é muitas coisas juntas: atriz, diretora, militante em favor dos direitos humanos, além de professora visitante na London School of Economics and Political Science. Ela é o símbolo das mulheres que lutaram e ainda lutam contra o câncer. Por último, mas não menos importante, ela é a mãe de seis filhos (Maddox, 16, Pax, 13, Zahara, 12, Shiloh, 11 e os gêmeos Knox e Vivienne, 9), que depois de 12 anos de relacionamento, se separou do parceiro Brad Pitt, para proteger seus filhos de um homem que estava se perdendo no alcoolismo. Mesmo homem esse, que agora, de acordo com rumores, pediu perdão, na esperança de retornar para sua família.

O que eu vejo hoje é uma pessoa muito forte, que diz, se você precisar chorar, você deve fazer isso sozinha no chuveiro e não na frente de seus filhos. Ela admite francamente que, sim, a vida de solteira não é tão bonita como se pensa. "Eu tenho que voltar para a pista", ela me diz mais tarde, bem confiante e sincera.

"Este filme é muito importante para mim". First They Killed My Father é inspirado no livro escrito por Loung Ung, sobrevivente do genocídio cambojano, que Angelina comprou em uma banca na beira da estrada por dois dólares. Essas páginas a mudaram para sempre: "Loung contava os horrores de uma menina cambojana, e ela abriu meus olhos para o horrível genocídio que havia destruído um quarto da população de seus país entre 1977 e 1979. Voltei para a América e entrei em contato com ela". As duas se tornaram amigas e Angelina se ofereceu voluntariamente para ser parte das Nações Unidas para retornar ao Camboja, um país onde também levará seu filho Maddox como co-produtor do filme.

Quanto o seu filho influenciou na sua escolha de fazer um filme sobre o genocídio cambojano?
É graças a Maddox que eu realmente conheço o Camboja. Um dia eu disse a minha amiga Loung Ung, que ficou órfã durante o conflito, que eu estava pensando em adotar um bebê cambojano. Ela me encorajou.

Que conselho você deu ao seu filho?
Eu disse a ele: "Se fizermos esse filme, temos que ir a fundo com ele: você não pode desistir, você não pode se sentir cansado". Quando ele me disse para estava pronto, então embarcamos no projeto.

No filme, a protagonista é interpretado por Sareum Srey Moch, uma menina extraordinária. Houve controvérsias sobre a gravidade dos testes para elenco: é realmente assim tão severo?
O que eu aprendi como uma mãe, é que você nunca pode falar algo para uma criança e esperar que ela faça isso imediatamente. Você precisa encontrar uma maneira adequada, entrar no mundo delas. Então eu encontrei Sareum, que parecia ter nascido para estar na frente de uma câmera. Ela me conquistou quando eu lhe perguntei, se ela queria ser uma atriz e ela respondeu: "Não, eu quero ser diretora"

Por que, além de Maddox, você escolheu investir em um tema tão dramático como a de um genocídio?
Perder minha mãe há 10 anos, me fez pensar que a dor é melhor compreendida, quando é compartilhada. Abordar o sofrimento é uma forma de aliviá-lo. E eu acho que conhecer a história de uma pessoa corajosa, como Loung, pode inspirar tantas pessoas a fazer mais e melhor.

Então, um dia, também farão um filme sobre você. Quais os esforços necessários para gerenciar sua vida particular nos últimos meses?
Este ano foi um desafio, é verdade: estive muito concentrada no trabalho e mais ainda em cuidar dos meus filhos. Do lado de fora, pode parecer que consegui alcançar o famoso equilíbrio ao qual todos desejamos, mas, de fato, tentei solucionar mil problemas.

Você consegue encontrar tempo para si mesma?
Eu sempre digo que preciso fazer isso, mas não sou muito disciplinada. De qualquer forma, eu gosto disso, ser uma mãe ocupada. Há quatro anos, depois de ter feito exames médicos, decidi retirar os seios de forma preventiva quando descobri que possuía um defeito no gene BRCA1, que aumentava minhas chances de ter câncer de mama em 87%, dois anos depois fiz outra cirurgia para retirada do útero e das trompas de falópio.

Já faz tempo, você está satisfeita com essa escolha?
Estou feliz por não ter câncer e não ter que pensar continuamente em sofrer o mesmo destino da minha mãe. Claro, meu corpo não é mais o mesmo de antes, estou enfrentando uma menopausa precoce e tive outros pequenos problemas de saúde. Mas encontrei o caminho certo a seguir.

Qual?
Neste ano difícil, eu descobriu o quanto um pouco de tranquilidade, me ajudou e ajudou meus filhos a superam o estresse. Nossas preocupações nunca devem nos impedir de estarmos juntos e sorrir.

É verdade que você se sente melhor agora do que quando era mais nova?
Sim. É uma questão de feminilidade. Cada uma de nós pode passar por uma mastectomia e uma menopausa e ainda se sentir uma mulher autoconfiante e encantadora.

Você gosta de ser uma mulher solteira?
Não, não é divertido. E não é algo que eu particularmente queria.

Não existe nenhuma vantagem?
Não, nenhuma. É tudo mais difícil.

Agora você mora em uma nova casa. Que outras novidades você pode nos contar sobre sua família? Eu li que você começou a participar de aulas de culinária.
É verdade, mas eu não sou boa nisso. Cozinhar é uma dessas coisas que você faz quando sua vida está em ordem, eu sou impaciente e um pouco paranoica, então eu trabalho duro no fogão. Gosto da ideia de cozinhar para meus filhos.

Qual é a sua especialidade?
Todas aquelas que parecem boas para mim, mesmo que eu não siga a receita.

Me lembro que você tinha uma vida de aventuras. Ainda pilota aviões?
Sim, embora não tanto quanto eu gostaria, porque a vida me mantém presa ao chão. Mas até mesmo meus filhos mais velhos fazem aulas de voo, apenas Knox precisa de ajuda para alcançar os pedais.

Em breve, talvez, eles a levarão para viajar ao redor do mundo. Por falar nisso, onde você se vê em 10 anos?
Eu realmente não sei. Na minha idade, eu apenas espero que todos em minha família estejam tão bem quanto eu desejo e que meus filhos não me façam avó tão cedo.

Há dez anos, você imaginou que estaria onde está agora?
Não. Se tivessem me perguntado sobre isso, eu teria dito coisas muito diferentes sobre minha carreira e meu casamento. Eu nunca planejei trabalhar como diretora, do mesmo jeito que eu não sabia que um dia seria mãe de todos os meus filhos, ou as muitas viagens que fizemos ao redor do mundo.

Você é uma daquelas mães que deixam seus filhos livres ou é uma mãe helicóptero, que está sempre pronta para protegê-los?
Eu não sou muito boa em deixar as coisas acontecerem. Talvez eu apenas espere que nenhum dos meus meninos se torne um adolescente problemático como eu era.

Como o passar dos anos, você se tornou mais sensível, agora você parece quase frágil, isso está correto?
Estou bem, mas sinto a fadiga dessa fase da minha vida. Comparado com o passado, sou mais reservada, porque dentro de mim não me sinto forte como antes. No momento é como se houvesse 12 Angelina Jolie, mas logo sei que voltarei a ser a boa e velha de sempre.

Assisti alguns de seus filmes, para poder lhe fazer uma pergunta pessoal. Seus filmes muitas vezes lidam com o tema do perdão. Para muitos de nós, é difícil perdoar alguém que nos fez sofrer. Também é difícil para você?
Eu acredito na justiça: se não, não haveria a necessidade de pedir perdão. Para meus filhos, eu sempre digo, não odeiem ou desejem o mal a ninguém. No entanto, a reconciliação faz sentido quando a justiça é feita, ou quando pelo menos alguém admite ter aprendido com seus erros.

Angelina diz isso, como se ainda estivesse falando sobre o genocídio cambojano. Mas é o relacionamento com Brad Pitt que me vem à mente. E tenho a sensação de que, de alguma forma, esta mulher ainda poderá nos surpreender.

Fonte: Grazia

Comentários

Anônimo disse…
Não gostei dessa entrevistadora, parece que Jolie também não. Respostas curtas e secas.
Lucia disse…
¿ Por que es tan difícil creer que todavía se quieren y podría haber una reconciliación?? , después de 6 hijos en común y mucho amor, que esperamos?? apostemos por el amor entre ellos es lo único que importa, y para Angelina también por suerte.
Anônimo disse…
Gostei dessa entrevista